Somos muitos

 
Somos Muitos...


Espalhados e soltos... Temos o mesmo gosto.
Se juntinhos, protegidos... Se cansados, passadiço... 
Encontramos o cuidado...
Nessa via, endereço.


Somos muitos. É verdade! Invadimos o asfalto... Somos, unidos, humanidade.
Um tapete amarelo... Um punhado de capricho... Nossos pequenos e adorados passos.
Dourados passos.
Se, aqui, sementes e ondas, estaríamos em mar aberto. Pequeninos sinos a encantar com gestos nobres.


Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback

22:37

Juntinhos em meio à multidão

 
A valsa... A dança dos sinos... O cirandar das folhas caídas...
Passos apressados, diante do que existe de mais bonito... O encontro marcado.
As flores encantam... Ditam versos... Rasgam planos.
Iluminam o rosto de quem ama... Sempre o ideal presente... O crescimento em dourado.
Juntinhos em meio à imensidão agarram-se à memória... O diferente precipta-se... Aparece em centro rodeado... Desenho salpicado.
Os olhos pisam o asfalto aquecido... Talvez nem sejam notados... 
O tempo serpenteia as massas e a valsa continua no salão da estrada.

Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback




Se essa rua fosse minha...

 
Se essa rua fosse minha...

Eu mandava ladrilhar com as flores mais bonitas para o Amor passar. 
Sempre juntos, forasteiros... O olhar e o endereço.
 No asfalto, sempre pisam... Sempre nutrem o que é canteiro.
E se o homem olhasse menos para o que o condiciona... 
Seu legado, jardineiro e, o Amor teria em conchas.
Olho o verde gosto dos sinos... Dos copinhos de Ipê.
Vejo luas...Vejo cirandas de um tapete colorido... E tem gente que vê apenas lixo.
 Se essa rua fosse nossa, o olhar seria atento... Cada ano, um caleidoscópio de sentidos.

Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback




 
Rendas

Rendo-me ao vasto caminho... Deslizo pelas imagens que vejo... Um adereço.
À noiva que firme me alinha... Aos pequenos sorrisos que deito.
Peço que em bilro me lances... Que desenhes outro destino mais doce... 
Algodão de pétalas pequenas... Flor de aço, a cada instante.
Passeio pelo asfalto... Sou a renda que ronda ao enfeitar os sonhos de criança.


Imagem: Josué Rodrigues Gomes 
Texto: Nadia Rockenback

 
Arrasto-me

Passeio pelo chão onde pisas... Arrasto-me pelas frestas que me abrigam.
Permeio em tua passarela... Sou uma aquarela que devaneia em ramos multicores.
Beijo teus passos... Enrosco-me em teus pés. Aguapés de asfalto.
Viro um tapete de miúdas folhas... Um etinerário de contas coloridas.
Caminhas em minhas veias... Arrasto-me em tua direção... Danço nas pedras que plantas... Rasgo-nas em teu coração.

Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback
 
Névoa

Perco-me entre o que vejo e digo... Nos cílios dos teus olhos.
Meus contornos... Nossas ruas... O ramificar das ideias... Das metas.
Percorro as vidraças... As palmas que enxugam a face.
Parte de mim é vista... Avisto os teus passos ao longe... Visto-me de lua... Viro bruma, nas calçadas que a imagem avista... 
Vestígio do dia... Magia e arte... Uma pintura de gotículas brinca na moldura da fotografia.

Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback

o sopro

 
O sopro

Sopro e meio... Soprado eu inteiro.
Voo rasante pelas solas... Pelos caminhos nos quais eu me faço alheio.
Ando pelos sopros... Ora passeio com o vento... Semeio. Meio de transporte das esquinas nas quais passeio.
 Percorro as linhas do ar em movimento... Sou a neve que cai em pó... Pólen.
Ainda brinco com as crianças que me rodeiam... Lembranças de um dia... A desmitificar a forma fixa de olhar a vida.


Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback

Espiando a vida

 
Espiando a vida

Apareci!.. Minhas pétalas perdidas... Bem-me-quer... Mal-me-quer?
Um dual comprometimento... Um iluminar beirando à rua... Espiando o que esqueces.
Debruçada, eu ouço tudo... Ouço a vida; teu resmungo... Seco, em pele... Broto, ao amanhecer.
O dourado testemunho... De que a vida recomeça como um sorriso...
Boleada pelo vento... Da semente, sou rascunho.


Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback


Gostos

 
Gostos...

Sai, na saliva tua, o néctar que me acompanha...
Declino-me além da estrada... Voo rasante, contigo.
Fixo, no caminho de quem passa... Alguns murmúrios... Alguns sorrisos e dedos que apontam...
O ouro debulhado na primeira esquina que os calçados arrastam...
Um brilho intenso... Uma sintonia que brota... Tu, sobre as minhas  raízes fixas... Eu, de carona, nas tuas patas.


Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback

Solitários

Pensamentos levados quais sementes pelo vento,
vagam livres ideias nos cantos da memória.
Sob intempéries navego o mar do tempo
que alterna dias frios, sol, chuva fina e teu olhar,
que mal me vê.
Teria flores azuis da cor do céu de inverno?
Passaria em azul pelo olhar de quem vê de baixo.
Teria flores vermelhas então!
Chamaria por demais tua atenção?
O que todos querem nesse mundo quase seco...
Um olhar de carinho... Um pouco de dedicação.
Seja como for, tudo inclui uma forma de ação...
...Enfim, alguém por aqui passou e me viu.

Texto e imagem:  Josué Rodrigues Gomes

Psiu!

 
Psiu!
Agarro-me às paredes... Voo alto... Deixo o asfalto.
Prefiro os céus... As cores mais próximas do azul... Arranho a pintura.
Sementeio e adorno o foco que não olhas...
Preciso de ar...  
Danço, ao sabor do vento... Faço sombra e mergulho na noite que me esconde.
Plantei-me na encosta... Encostada fico...
Esperando a proximidade, quando eu retornar ao solo no qual pisas.

Imagem: Josué Rodrigues Gomes
Texto: Nadia Rockenback

Equilíbrio

 
 Equilíbrio

Lançadas aos quatro cantos, minhas flores...Meus encantos.
Sorteados flocos de neve... Pipocas em tons de rosa.
Mostro-me ao olhar de quem passa... Amostras de pétalas pequeninas, em sombra destacadas.
Alguns laços de folhas para fechar o floco... O deslizar na calçada que te destaco aos olhos.
Passeio, sem sair do chão... Quando me carregas em tuas palmas.
Luz e sombras... Equilíbrio que me mostra.

Texto: Nadia Rockenback
Imagem: Josué Rodrigues Gomes

Sopro

 
Sopro

Pérolas soltas... Algumas gotas que lançam aos teus olhos.
Pareço frágil... Soprada pelo vento, fixo os meus pés no asfalto.
A rua esbarra em minhas lâminas... Avisto passos... Carros... Risos de crianças.
Minha vida registra a tua... Olha onde pisas... São minhas tranças amarradas as tuas memórias... Lembranças.

Texto: Nadia Rockenback
Imagem: Josué Rodrigues Gomes


Aqui, estou!

 
Aqui, estou!

Apareço... Crio-me!... Sou o vértice que brota nessa estrada.
Asfalto fixo... Rígido caminho... Mas, eu brilho.
Espio, de mansinho, o que lhe parece invisível.
Um sorriso que brota de mim... Algumas pétalas que enfeitam o teu andar.
Olha-me...


Texto: Nadia Rockenback 
Imagem: Josué Rodrigues Gomes 

Tão pequenas...

 
Tão Pequenas...
 
Salpicadas, em um campo imaginário, minhas crias... Meus brotinhos sorridentes.
Presença contínua, desde que continuem no chão... No coração.
Pintura de criança... 
O centro rodeado pelas pétalas... Um traço de imaginação que vira pulmão.
Estou ali, medindo forças com o universo de pedra... Todos em sintonia, mas meu pólen em contramão.
Transparência em elo rebuscado... Meu formato ingênuo e precisando de cuidados...
Alimento-me do florescer que transbordo... 
Beleza doce... Singela presença, diante de ti.


Texto: Nadia Rockenback
Imagem: Josué Rodrigues Gomes

Simples Assim

Pssss!
Cuidado!
Estou aqui.
Quase ninguém percebe.
Faço o que posso, mas não posso muito.
Na tua pressa, ainda que nada te impeça, tu simplesmente não vês.
Meus dias são poucos e vão passando como os teus.
Acordo com o sol, durmo com a lua.
Vejo os carros passando na rua.
Visitas? Insetos.
Vidinha?
Simples!

imagem e texto: Josué Rodrigues Gomes

Escalada...

 


Escalada

Deito-me... Ou subo pelas paredes... Enfeito o tempo.
Rodeio as frestas... Rendeira faceira... Minhas voltas nas linhas de mim.
Vestida de flocos em caule sensível...
Não me vês... Não percebes que encostas em minhas tramas...
À rua, lanças o olhar, por entre os carros...
Nem notas que encosto em ti.
Mas, vivo cantando à chuva que venha e escorra em minhas crias.
Alegres mudas.


Texto: Nadia Rockenback
Imagem: Josué Rodrigues Gomes

Soprados caminhos

 
Perdidos, em cantinhos, as astes e suas sementes... 
O gosto de margem... Uma espera sem igual.
Passeio por intermédio dos teus pés... São passos marcados por faces desiguais.
Algum dia, em faixa amarela, eu ultrapasso o sinal das diferenças...
O sabor de limão em meu caule... Soprados caminhos...
A textura do debulhar das sementes que as minhas mudas darão.

texto: Nádia Rockenback
imagem: Josué Rodrigues Gomes

Pouso...

Pouso... Estendida em saia... Danço em cata-vento... Vento que saboreio ao acordar do sol...
Rodeia as fachadas das casas... Meu manto de folhas.
Adornados passeios, quando tenho a possibilidade de me transportar de um canto para o outro.
Nas seletas frestas, finjo-me de estrela... Boleio-me em pétalas... Moldo-me em caule matreiro espalhado por mais um canteiro...
Um bumerangue em movimento... Em foco... Pousado no solo. Espetáculo!

Texto: Nadia Rockenback
Imagem: Josué Rodrigues Gomes

Margens e pétalas...

 
Margens e pétalas...

Ouviu o sino que toca à escadaria de prédios e do surdo asfalto?... 
Tantas são as vozes... Favorecidos andaimes que avisto.
Perco-me em meu gosto... Ácido... Amargo conforto.
Estou rodeada pelas pétalas que de  mim saltaram... Doce inocência, estarem soltas.
O foco saliva ao gosto da margem que crio... 
Sou cria da terra, misturada ao cimento, abro o meu espaço rumo ao sol... 
Salteados são os dias que brilho em flores... Mas, renovo  outro espaço para enraizar os meus sonhos.

Texto: Nadia Rockenback
Imagem: Josué Rodrigues Gomes

Sombras de mim...

  
Sombras de mim...
Havia um lugar, onde os dedos passeavam pelas teclas...
Onde as estradas eram riscos de um história.
A história contada pelo balanço do vento... Pelas curvas e metas que apenas uma lente semeava... 
Tantos nós, em meu corpo... Cada década esculpida em meu tronco cardíaco.
Respiro lenta às margens de uma estrada... Na qual os calcanhares pisam em disparada.
Posso dançar à direção que a luz brota... E espiar o asfalto que me desgasta.
O sol a pino, na solidez das falas... Um momento único à beira da imagem retratada.

Texto: Nadia Rockenback
Imagem: Josué Rodrigues Gomes

Natureza Urbana

Urgência!
Não se pode perder tempo,
nas fissuras do cimento.
Finca os pés,
abre os braços,
mira o sol...
E esboça,
a cada manhã,
um sorriso,
enquanto houver vida.

texto e imagem - Josué Rodrigues Gomes

Pequeninos

 
Pequeninos

Mimos...Esquinas... Curvas... O escolhido retorno... A centelha de cores.
Ouso apresentar-me ao infinito... Um canto escolhido para olhar a vida. Assim, selecionados os caminhos, posso explodir em beleza acariciada pelos olhos que me avistaram.
Abro-me, em humildade esbelta, apenas para lembrar-te que contorno igual a ti com meus passos calados.
Um matinho encolhido sob nossos pés... Uma floresta magnânima sobre o asfalto coberto...Uma vida sobre as raízes de si.


Texto: Nadia Rockenback
Imagem: Josué Rodrigues Gomes